quarta-feira, 27 de junho de 2012

História dos Papas

     O cristianismo é algo bastante intrigante para se estudar, assim como as demais religiões, porém, um dos aspectos que mais me fascina na história cristã é o seu passado repleto de assassinatos, estupros, carnificinas, mentiras e corrupção. Irei postar aqui uma série de curiosidades sobre os papas que grande parte dos neo-cristãos não sabem (ou não querem saber).


Sergius III [período do papado 897-911]: O Papa da Pornocracia

      Este é um dos Papas classificados como desgraçados e funestos. Chegou ao posto pela influência política-econômica da família Teofilacto. Ficou conhecido por ser o mandante do assassinato de outro Papa e por ter gerado um filho [com sua amante e irmã ilegítima, Marósia da família Teofilacto].  Anos depois, esse filho também seria Papa [Papa João XI ─  período do papado: 931-935].

    O papado de Sergio III foi chamado de "Pornocracia", com a sede do catolicismo entregue aos arbítrios das prostitutas. Naquela época, início do século X, um tempo chamado século de ferro, foi também a "era do poder das mulheres" na cena política e sócio-econômica dos reinos europeus que se definia a partir de Roma, na Itália.
 
   No pontificado de Sergio III quem mandava era matrona Theodora ─ A Maior, assessorada por suas filhas: Theodora, a Jovem e Marósia. Toda a linha de parentesco era escandalosa: Sergio era filho bastardo de Theodora e, portanto, irmão natural de Marósia, que tornou sua amante e com quem teve um filho que também veio a ser Papa. Quando fala das "prostitutas sem-vergonha" na sede da Igreja, o historiador Liutprand refere-se principalmente a estas mulheres, ricas e influentes.

    Na acirrada disputa pelo papado, Sergio III foi eleito Papa [por uma facção da Igreja] em 897 mas o Papado estava, de fato, nas mãos de João IX e, depois da morte deste, Leão V. Assim, durante algum tempo Sergio foi uma espécie de Papa clandestino ou não legitimado, coisa muito comum na História dos Papas medievais e mesmo entre os Papas da Idade Moderna. Na Idade Média houve alguns Antipapas.

  Sergio III chegou a ser excomungado pelo Papa João IX [898–900]. Somente conseguiu oficializar sua pretensão em 904, em Roma, quando o "Antipapa" Christopher acabava de  ocupar o papado à força [entre 903 e 904]. A família Teofilacto reagiu obtendo a deposição do usurpador e reinvestiram Sergio III no cargo, em janeiro de 904. Sergio III  ordenou a prisão dos rivais, Cristovão e Leão V, instituiu um processo contra eles e condenou os dois à degola!

terça-feira, 26 de junho de 2012

A Pequena Vendedora de Fósforos

 (Hans Christian Andersen)

       Fazia um frio terrível; caía a neve e estava quase escuro; a noite descia: a última noite do ano. Em meio ao frio e à escuridão uma pobre menininha, de pés no chão e cabeça descoberta, caminhava pelas ruas.  



      Quando saiu de casa trazia chinelos; mas de nada adiantavam, eram chinelos tão grandes para seus pequenos pézinhos, eram os antigos chinelos de sua mãe. A menininha os perdera quando escorregara na estrada, onde duas carruagens passaram terrivelmente depressa, sacolejando. Um dos chinelos não mais foi encontrado, e um menino se apoderara do outro e fugira correndo. Depois disso a menininha caminhou de pés nus - já vermelhos e roxos de frio. 

 


      Dentro de um velho avental carregava alguns fósforos, e um feixinho deles na mão.  Ninguém lhe comprara nenhum naquele dia, e ela não ganhara sequer um níquel.  Tremendo de frio e fome, lá ia quase de rastos a pobre menina, verdadeira imagem da miséria!
 

 

Os flocos de neve lhe cobriam os longos cabelos, que lhe caíam sobre o pescoço em lindos cachos; mas agora ela não pensava nisso. Luzes brilhavam em todas as janelas, e enchia o ar um delicioso cheiro de ganso assado, pois era véspera de Ano-Novo.  Sim: nisso ela pensava! 


 

     Numa esquina formada por duas casas, uma das quais avançava mais que a outra, a menininha ficou sentada; levantara os pés, mas sentia um frio ainda maior.  Não ousava voltar para casa sem vender sequer um fósforo e, portanto sem levar um único tostão.  O pai naturalmente a espancaria e, além disso, em casa fazia frio, pois nada tinham como abrigo, exceto um telhado onde o vento assobiava através das frinchas maiores, tapadas com palha e trapos. Suas mãozinhas estavam duras de frio. Ah! bem que um fósforo lhe faria bem, se ela pudesse tirar só um do embrulho, riscá-lo na parede e aquecer as mãos à sua luz! Tirou um: trec! O fósforo lançou faíscas, acendeu-se. Era uma cálida chama luminosa; parecia uma vela pequenina quando ela o abrigou na mão em concha... 

 

 Que luz maravilhosa!

 

      Com aquela chama acesa a menininha imaginava que estava sentada diante de um grande fogão polido, com lustrosa base de cobre, assim como a coifa. Como o fogo ardia! Como era confortável! Mas a pequenina chama se apagou, o fogão desapareceu, e ficaram-lhe na mão apenas os restos do fósforo queimado. Riscou um segundo fósforo.Ele ardeu, e quando a sua luz caiu em cheio na parede ela se tornou transparente como um véu de gaze, e a menininha pôde enxergar a sala do outro lado. Na mesa se estendia uma toalha branca como a neve e sobre ela havia um brilhante serviço de jantar. O ganso assado fumegava maravilhosamente, recheado de maçãs e ameixas pretas. Ainda mais maravilhoso era ver o ganso saltar da travessa e sair bamboleando em sua direção, com a faca e o garfo espetados no peito! Então o fósforo se apagou, deixando à sua frente apenas a parede áspera, úmida e fria. 

 

      Acendeu outro fósforo, e se viu sentada debaixo de uma linda árvore de Natal. Era maior e mais enfeitada do que a árvore que tinha visto pela porta de vidro do rico negociante. Milhares de velas ardiam nos verdes ramos, e cartões coloridos, iguais aos que se vêem nas papelarias, estavam voltados para ela. A menininha espichou a mão para os cartões, mas nisso o fósforo apagou-se. As luzes do Natal subiam mais altas. Ela as via como se fossem estrelas no céu: uma delas caiu, formando um longo rastilho de fogo. 

 

     "Alguém está morrendo", pensou a menininha, pois sua vovozinha, a única pessoa que amara e que agora estava morta, lhe dissera que quando uma estrela cala, uma alma subia para Deus.Ela riscou outro fósforo na parede; ele se acendeu e, à sua luz, a avozinha da menina apareceu clara e luminosa, muito linda e terna. 

 

- Vovó! - exclamou a criança. 

 

- Oh! leva-me contigo! 

 

     Sei que desaparecerás quando o fósforo se apagar! Dissipar-te-ás, como as cálidas chamas do fogo, a comida fumegante e a grande e maravilhosa árvore de Natal! 

 

     E rapidamente acendeu todo o feixe de fósforos, pois queria reter diante da vista sua querida vovó. E os fósforos brilhavam com tanto fulgor que iluminavam mais que a luz do dia. Sua avó nunca lhe parecera grande e tão bela. Tornou a menininha nos braços, e ambas voaram em luminosidade e alegria acima da terra, subindo cada vez mais alto para onde não havia frio nem fome nem preocupações - subindo para Deus. 

 

     Mas na esquina das duas casas, encostada na parede, ficou sentada a pobre menininha de rosadas faces e boca sorridente, que a morte enregelara na derradeira noite do ano velho. O sol do novo ano se levantou sobre um pequeno cadáver. A criança lá ficou, paralisada, um feixe inteiro de fósforos queimados. - Queria aquecer-se - diziam os passantes. 

 

      Porém, ninguém imaginava como era belo o que estavam vendo, nem a glória para onde ela se fora com a avó e a felicidade que sentia no dia do Ano­ Novo.

sábado, 23 de junho de 2012

Você sabia?

A história é um conhecimento profundo que todos devíamos compartilhar (já que somos nós quem vivenciamo-lás). A humanidade caminha e nessa jornada apresentam, às vezes, características bastante diferenciadas em relação às outras "tribos sociais" algumas das quais irei apresentar a você em uma série de postagens como essa. Segue abaixo algumas curiosidades feitas por pessoas de outros tempos.




    Na China antiga, as meninas eram tão indesejadas nas classes pobres, que não recebiam nome ao nascer. Até se tornarem adultas , eram conhecidas apenas pelo lugar que ocupavam na lista numerada de nascimentos: a primeira, a segunda, a terceira filha etc.


   Depois que Adolf Hitler chegou ao poder, na Alemanha nazista, em 1933, centenas de livros foram queimados nas universidades alemãs. Obras do pai da psicanálise, Sigmund Freud, e de artistas como Paul Klee acabaram na fogueira por não se adequarem ao “espírito da nova Alemanha”.


   Os generais romanos eram extremamente supersticiosos. Eles só entravam em uma batalha, por exemplo, quando suas galinhas sagradas, que estavam sempre por perto, estivessem com apetite. Se as galinhas não comessem, eles simplesmente adiavam o confronto.

 Nós humanos somos fascinantes, à medida que também somos medíocres.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Grande poema, grande intérprete. Este poema me influencia muito...
Cântico negro
José Régio

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces

Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: "vem por aqui!"

Eu olho-os com olhos lassos,

(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)

E cruzo os braços,

E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:

Criar desumanidades!

Não acompanhar ninguém.

— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade

Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde

Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde

Por que me repetis: "vem por aqui!"?


Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,

Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,

A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi

Só para desflorar florestas virgens,

E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!

O mais que faço não vale nada.


Como, pois, sereis vós

Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem

Para eu derrubar os meus obstáculos?...

Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos...


Ide! Tendes estradas,

Tendes jardins, tendes canteiros,

Tendes pátria, tendes tetos,

E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...

Eu tenho a minha Loucura !

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,

E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;

Mas eu, que nunca principio nem acabo,

Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.


Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,

Ninguém me peça definições!

Ninguém me diga: "vem por aqui"!

A minha vida é um vendaval que se soltou,

É uma onda que se alevantou,

É um átomo a mais que se animou...

Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou

Sei que não vou por aí!

Augusto dos Anjos


Amados leitores, apresento-lhes um dos meus ídolos: Augusto dos Anjos, em um dos seus poemas mais conhecidos e um dos meus prediletos.

 

 

Versos Íntimos 

     Augusto dos Anjos

 

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!


Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.


Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.


Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Primeiro post

"Se não existe a esperança de uma vida após a morte, a única chance de imortalidade reside na memória dos vivos."

 

     Primeira postagem depois da renovação que o blog passou, agora é só esperar para ver se (pelo menos desta vez) terei sucesso com esse site...

      E para comemorar aqui vai um  pequeno texto bem interessante (e que é bem real).

                 

            O Vício do dinheiro e a ditadura da buceta

      Assim como o açúcar, o sexo, o lexotan ou qualquer outro tipo de droga que causa uma certa dependência, a falta de dinheiro põe-nos numa situação em que não podemos concentrar-nos em nossos afazeres. O simples fato de escrever este texto é constantemente atrapalhado pelo pensamento que nos incomoda e que é a falta de dinheiro. Sem contar os vícios citados acima – açúcar, sexo, lexotan, etc., e que, na maioria das vezes, só podem ser executados com o combustível dinheiro. O dinheiro pode nos proporcionar conforto e condições de escrever– caso tu sejas uma pessoa com cultura suficiente para fazê-lo – mas na maioria dos casos, ele transforma o ser humano numa besta alienada, que quanto mais o tem, mais o buscará, tal como um vício.

     

     Mas caso desejes escrever e não tens dinheiro, a todo o instante a tua obra encontrará dificuldades – o mesmo não acontece com Maitê Proença e Luxemburgo em suas publicações cultíssimas. Encontrarás dificuldades semelhantes às do personagem de George Orwell no romance “Mantenha o Sistema”. Gordon Comstock , esse é o seu nome, tenta viver recluso, sem a contaminação do deus-dinheiro, mas encontra enormes dificuldades para continuar a escrever suas poesias. O deus-dinheiro não nos deixa respirar, se o tens, tu podes ser o que bem quiser - escritor, piloto de fórmula 1, ator de novela e assim vai – caso contrário, tens que se esforçar para tê-lo se desejas continuar vivendo. 

      

     As pessoas chegam a um ponto em que o consumo em si torna-se terapia. Uma terapia que consiste em afastar a sua infelicidade. O homem, que é viciado em dinheiro, completa sua vida com o consumo. O dinheiro, o consumo em si, não permite que tal viciado pense. Cito uma frase do Ilustríssimo Emil Cioran: “Todo homem é infeliz, quantos o sabem?” Todo homem é infeliz, e ele completa sua infelicidade com o consumo.

 

     Sinto raiva ao chegar perto de um ser vazio que só pensa em consumir, daquele ser que troca de celular como se troca de roupa ou de um outro que come arroz e feijão e ovo para pagar uma prestação de carro novo. Dá-me uma raiva ainda maior ainda aquela garota a qual tu convidas para sair e ela afirma que só sai com quem tem carro porque não é mulher que anda de ônibus - daí se explica o babaca que come arroz e feijão a semana toda para, no fim da mesma semana, poder comer uma boceta, como diz um amigo meu. Trata-se neste caso, da ditadura da boceta, um dos aspectos que fazem os homens se alienarem para o consumo.

 

     Para se consumir uma boceta e coisas do gênero, tens que ter um carro, tem que adquirir objetos, dos quais não necessitas, para impressionar a gata - daí se explica a multidão de idiotas que por aí se encontram. É a ditadura da boceta mesmo. Enfim, comprar e não ter espaço de tempo para pensar e criticar. Antes de encerrar, quero dizer algo às garotas para que não destruam o boletim inteiro após lerem este artigo. Não afirmo que 100% das garotas são assim - se salvam 0,01%. Estas temos que admirar, já que não são ditadoras, têm pena dos babacas e os salvam do consumismo suicida. O problema é encontrá-las.